Cosmovisão Cristã e Liberdade Religiosa: Uma agenda de paridade e não de privilégios

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Symbol Scales is made of stones of various shapesCosmovisão é a tradução da palavra alemão Weltanschauung, que significa um modo de ver o mundo. Ela surgiu no contexto Iluminista por meio do filósofo Immanuel Kant, que a entendia como a compreensão da realidade e do sentido da vida a partir da autonomia da razão. No entanto com o passar do tempo, outros pensadores começaram a fazer uso dela, preservando seu significado essencial de compreensão da realidade, porém não mais limitando-a a razão. Eles compreenderam que ela estava relacionada as crenças fundamentais do sujeito. Friedrich Schelling e Soren Kierkegaard eram alguns deles.

Um dos principais autores sobre o assunto, James Sire, entende cosmovisão como sendo muito mais do que um compromisso intelectual, mas um compromisso religioso com o qual vivemos de acordo. Daí a razão pela qual ele a vê como sendo uma orientação espiritual, que pode ser verdadeira, parcialmente verdadeira ou totalmente falsa[1]. Além disso para Sire uma cosmovisão é “uma narrativa sobre o mundo”[2]. Por isto, podemos dizer que a cosmovisão de uma pessoa são as narrativas que moldam sua vida e que a ajuda a compreender a realidade. Respostas as perguntas: Da onde eu vim? Para onde eu vou? Quem é Deus? Qual o sentido da vida? Isto é certo ou errado? Qual a origem do mal? Denunciam nossa cosmovisão, nosso conjunto de crenças básicas.

Tanto James Sire quanto Norman Geisler reconhecem haver várias cosmovisões, as quais estão relacionadas de algum modo as crenças religiosas. O que é compreensível já que se trata de uma orientação espiritual. Como o cristianismo nos oferece uma narrativa sobre a realidade e respostas as questões fundamentais, servindo-nos não apenas como lente, mas bússola. Nele encontramos uma cosmovisão que se fundamenta nas Escrituras. Portanto uma cosmovisão cristã nada mais é do que enxergar toda a realidade através da Palavra de Deus.

A supremacia de Cristo é o pressuposto estrutural desta cosmovisão, o que nos lembra a famosa declaração de Abraham Kuyper: “não há um único centímetro quadrado em todos os domínios da existência humana sobre o qual Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: é meu! ”

Uma cosmovisão cristã deve ser cristocêntrica, porque a fonte das nossas crenças fundamentais é as Escrituras e são elas que testificam de Cristo, afirmando que tudo foi criado para Ele e por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. Leia o resto deste post »

De quem é a culpa? Uma opinião sobre a insatisfação arminiana e a Assembléia de Deus

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canceladoA Assembléia de Deus é uma igreja de confessionalidade arminiana. Porém o arminianismo nunca foi ensinado claramente e sistematicamente em nossas igrejas. Nunca tivemos em nossa EBD um trimestre cuja tema fosse Arminianismo. Se não fosse o advento da internet e principalmente das redes sociais muitos ainda estariam na ignorância do que seja calvinismo, arminianismo, pelagianismo etc.

Os arminianos tupiniquins, cuja maioria são de assembleianos e pentecostais, não devem a Editora CPAD pela proliferação de obras sobre esta soteriologia, mas a Editora Reflexão que tem lançado um livro após outro e contribuído para o estudo do arminianismo no Brasil e não só com publicações, mas na promoção de eventos com a presença de autores nacionais e internacionais.

Nossa igreja foi omissa, leia-se, alheia a educação deste tema. Relegando-o aos “doutores e mestres”, como se isso não fosse de interesse do membro comum. Logo não é de estranhar haverem dentro das ADs um contingente número de pastores e membros que são calvinistas declarados ou não (Imagino que as experiências eclesiásticas de muitos destes irmãos não sejam muito boas).

Em alguns grupos arminianos é explícito a insatisfação pelo avanço do calvinismo dentre os pentecostais e assembleianos e isso pelo menos por três motivos: a presença de calvinista dentre os autores publicados pela nossa Casa Publicadora ainda que a obra em si não trate do calvinismo; a presença constante de pentecostais nos eventos calvinistas como Consciência Cristã (VINACC) ou Conferência Fiel, por exemplo; e o fato de muitos assembleianos e pentecostais se assumirem calvinistas. Por estas e talvez outras razões há um movimento para impedir a “calvinização das Assembléias de Deus” que de tabela atinge a CPAD. Leia o resto deste post »

A Celeuma Pentecostal – considerações sobre a mudança do novo símbolo das Assembléias de Deus em Alagoas

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A divulgação da nova logo das Assembléias de Deus em Alagoas tem causado uma celeuma nas redes sociais. Comentários que variam do cômico e sensato ao tendencioso e antiético fazem parte de toda esta discussão. Além disso suspeito de uma possível instrumentalização da situação para atender interesses pessoais e fins escusos. Mas como disse são apenas suspeitas e não quero me ater a elas. Interessa-me compartilhar algumas considerações.

Dentre as opiniões há quem reclame pelo fato dos membros não terem sido consultados. Apesar de sensata, tal reclamação seria uma problematização legitima se fossemos batistas ou presbiterianos, por exemplo, onde há uma liderança plural. Nossa forma de governo, infelizmente, não é assim, mas monocrática. Isso não é uma característica da atual gestão, faz parte da estrutura histórica das Assembléias de Deus.  Gedeon Alencar, historiador que tem escrito alguns livros sobre a história da nossa denominação, a explica desta forma: “na Assembléia de Deus todo trabalho ao povo, todo poder ao pastor e toda glória a Deus”.

Temos que reconhecer o quão salutar esta discussão nas redes sociais e em outras plataformas acabaram sendo, com exceções dos comentários tendenciosos e antiéticos. Pois aqueles que raramente falam ou são ouvidos passaram a ter voz. Pudemos ouvir o que o povo pensa. Não foi um som uníssono, houve divergência, há divergência e isso é muito bom, faz parte. Saber o que os membros pensam é importante para qualquer liderança cristã, principalmente na tomada de decisões. Porém isso não significa que a liderança ficará refém da vontade do povo, mas que deve considerar sua opinião de modo que sua decisão siga o princípio do primeiro concílio (Atos 15): “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”. Leia o resto deste post »

BOICOTAR NÃO É PARA TODOS – uma postura cínica de uma agenda reducionista

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Texto publicado originalmente para o blog: Via Fidei – Caminho da fé

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Recentemente Ana Paula Valadão publicou um texto onde não só demonstra sua indignação como convoca seu público a boicotarem a C&A por causa de propagandas da coleção Ouse, Misture e Divirta-se, as quais, segundo a cantora, fazem uma apologia a ideologia de gênero. Compreendo a indignação da Ana, sou contra a cosmovisão hedonista por trás da campanha publicitária da C&A, mas discordo do método proposto para lidar com isso, a não ser que se faça o mesmo com todas as marcas cuja cosmovisão presente em suas propagandas e produtos não seja cristã e neste caso, faço minhas as palavras de Paulo “teríamos que sair do mundo”.

Há pouco menos de um ano o pastor Silas Malafaia havia convocado o “povo de Deus” para boicotar O Boticário, devido sua propaganda do dia dos namorados ter incluso entre os casais presentes alguns homossexuais. O irônico sobre isto é que a Vivo também havia produzido uma propaganda do dia dos namorados com o mesmo molde, cuja única diferença foi que esta foi lançada um pouco antes daquela. O que nos leva a pergunta: “se é para boicotar quem faz apologia a homossexualidade então por que o pastor não convocou um boicote a Vivo também? Se é para boicotar a C&A por causa da imoralidade presente em suas propagandas, então por que não fazer o mesmo com a Rede Globo que faz o mesmo através de suas novelas? Leia o resto deste post »

Entre o equivoco e a contradição – o estreito em que Ed René Kivitz entrou

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O Ed se posicionou. Diga-se de passagem de maneira bem diferente do conteúdo do manifesto que, lamentavelmente, assinou. Mas o Ed, como já disse em outras postagens, erra ao fazer algumas declarações dúbias, que a princípio dão-lhe uma imagem que não é a real e acabam servindo de munição para aqueles que o veem como herege. Entretanto seu erro costuma dá lugar à virtude, quando depois do barulho das ambiguidades, ele vem a público e se explica, deixando claro sua posição. Isso aconteceu quando o acusaram de ser teísta aberto, de ter dito que o sexo entre casais solteiros não era pecado e de ser universalista.

Não digo que sua última postagem foi um desses esclarecimentos, porém ficou claro pra mim uma coisa: ter declarado sua posição após ter assinado o Manifesto Missão na Íntegra deixou-o entre o equivoco e a contradição. Não vejo uma outra saída. Pelo menos por dois motivos: Leia o resto deste post »

Por quê não assino? Objeções ao Manifesto de Evangélicos pelo Estado de Direito — Iniciativa do Missão na Íntegra

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GcLSZeRqO manifesto emitido pelo Missão na Íntegra termina com um espaço para ser assinado por aqueles que o endossam. Não será o meu caso! Embora concorde com alguns pontos, não posso assinar a carta porque há, lamentavelmente, uma tendência pró-governo (leia-se PT). O manifesto soa como um eco da defesa da situação. Além disso não o assino devido a parcialidade do documento, o qual não representa a pluralidade de opiniões, que afirma haver no própriomovimento. No entanto deixo claro que tal postura em nada tem a ver com a Teologia da Missão Integral (TMI), mas da opinião de ALGUNS irmãos que compõe o movimento da Missão Integral. Eu lamento profundamente que a TMI seja usado como simbolo de posições ideológicas. Falo isto porque a teologia não precisa de uma ideologia pra viver. Leia o resto deste post »

Opinião sobre VINACC e Ariovaldo Ramos – o sectarismo de um e o silêncio do outro

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ariovaldo-ccLi o artigo da Mariana Gouveia no site da Consciência Cristã Vinacc sobre o pastor Ariovaldo Ramos que fez as seguintes publicações em sua conta no twitter: “Aviso aos navegantes: juiz ñ pode desfilar de toga em passarela nem ser fofoqueiro! ‪#‎ESTADODEDIREITOJA‬” e “O presidente não tem celular, a Presidenta tem… Adivinha quem foi grampeado! #ESTADODEDIREITOJA”.

O que li acima é que o Ari discorda como muitos brasileiros do grampeamento solicitado pelo juiz Moro e não que “desqualifica as investigações da Operação Lava Jato”. Na nota (ou artigo) insinua-se que Leia o resto deste post »

Encontros Sagrados – encontrando Deus onde (não) se espera

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O Bom Samaritano (1950-1956) de David Teniers, o jovem

Penso que tive um encontro sagrado quando uma vez em Sampa, aproveitei uma noite e fui visitar uma Livraria Cultura a fim de comprar duas obras, uma do Pondé e outro do C.S. Lewis.

A sacralidade deste encontro foi na verdade um encontro com um vendedor da Cultura que não apenas nos (um amigo e eu) atendeu muito bem como ao compartilhar suas impressões sobre os autores acima e o produtor Terrence Malick encheu meu coração de graça e emoção! Leia o resto deste post »

A tentação para não orar

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Quando o assunto é tentação a esfera sexual acaba sendo o foco do assunto como se esta fosse a maior. Todavia ignoramos uma tentação que é tão sútil e cujas consequências são tão desastrosas quanto outras, se não pior: a tentação para não orarmos!

As distrações que surgem são diversas, desde a uma vida cheia de responsabilidades e tarefas quanto passar horas a fio nas redes sociais ou diante do computador ou um console jogando algum game. São distrações que ofuscam ou tentam ofuscar a nossa mente e drogam nossa consciência para que ignoremos a nossa necessidade vital de oração.

Para aqueles que buscam um pragmatismo que justifique a oração, respondo através de Colossenses 1.16: “tudo foi criado por ele e para ele”, a duas perguntas básicas: Leia o resto deste post »

Avareza, a ambição dobrada

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Avareza - sete pecados
O pecado da avareza centraliza-se na ambição dobrada: obter o que não temos e manter o que temos. O contraponto do primeiro é o contentamento e do último a generosidade, ambos são o cerne da misericórdia.

Enquanto a ambição nega aos outros até mesmo a justiça, a misericórdia oferece mais do que apenas justiça — seu caráter é dar além da razão, além da justiça, além da expectativa. Como Portia, de Shakespeare, diz em O Mercador de Veneza: “A qualidade da misericórdia não é forçada”.

Em outras palavras, a avareza pode precipitar outros pecados tanto de comissão (como fraude, traição e violência) quanto de omissão (como a indiferença em relação às necessidades do próximo). Os estudiosos medievais caracterizavam, de maneira resumida, os pecados de omissão simplesmente como “insensibilidade para com a misericórdia”. Leia o resto deste post »